quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Beijos de Freira

Pois fui "obrigada" a experimentar esta receita porque me foi pedido para a fazer no dia 25 de Dezembro para um jantar natalicio da Ons Huis, uma associação de tempos livres onde eu e o meu marido somos voluntários.

Há cerca de duas semanas, estivemos a cozinhar um jantar italiano para 40 pessoas e, em conversas com uma das responsáveis, colombiana, e perdida por doces, acabámos por lhe falar da doçaria conventual portuguesa.

Mostramos-lhe imagens de doces típicos, e inclusive emprestamos-lhe uma revista sobre doçaria conventual. Segundo ela, só a conversa valeu-lhe 10kgs a mais. Pergunto-me porquê...

Mas ela lá nos convenceu a preparar uns doces para o dia 25, vai ser um almoço de Natal para os mais desfavorecidos. Realmente, nunca nos deu para estas coisas em Portugal, mas a vida, ás vezes, dá umas voltas que só visto.

E os doces que ela nos pediu para fazer foram estes Beijos de Freira, mais Toucinho do céu e Pão de Ló. Tudo coisas light e que não engordam nada...

Claro que isto obrigou-nos a aprender mais umas coisinhas, eu nunca fui grande doceira, mas também tinha certa vontade de melhorar. É uma desculpa tão boa como gulosa.

Esta receita fala ás tantas de um tal ponto de espadana. Como não fazia a menor ideia do que seria, pensei que seria um qualquer ponto de açucar, fui á net pesquisar.

Ficam aqui os vários pontos de açúcar, "roubados" á descarada do petiscos.com.

"A calda de açúcar é uma das partes mais importantes da doçaria, quer como base fundamental, quer como elemento de ligação.

A calda de açúcar prepara-se dissolvendo duas partes de açúcar numa parte de água e levando ao lume para atingir densidades e espessuras diferentes, conforme a fervura a que for submetida. Como o açúcar ataca o ferro, não se deve empregar utensílios deste metal.

Os diferentes estados que a calda de açúcar toma pela acção da fervura chamam-se pontos de açúcar, sendo os principais: ponto de pasta, ponto de fio, ponto de cabelo, ponto de pérola, ponto de estrada, ponto de espadana, ponto de rebuçado e ponto de areia.

Os diferentes pontos de açúcar conhecem-se do modo seguinte:

Ponto de pasta: Introduz-se uma colher de pau na solução fervente e tira-se seguidamente, deixando-a escorrer para o tacho: se a calda correr como se fosse água, diz-se que o açúcar ainda não tem ponto. Logo que começar a aderir à colher uma pequena camada de açúcar, tem-se o ponto de pasta. (O pesa-xaropes deve marcar 28 graus Beaumé e o termómetro 1010 Centígrados).

Ponto de fio: Continua-se um pouco mais a fervura: Quando da colher correrem fios sem grande resistência, tem-se o ponto de fio. O pesa-xaropes deve marcar 290 Beaumé e o termómetro 1050 Centígrados).

Ponto de cabelo: Quando da colher correrem fios finos e estaladiços, tem-se o ponto de cabelo. (O pesa-xaropes deve marcar 32 graus Beaumé e o termómetro 1050 Centígrados).

Ponto de pérola: Quando o fio que corre da colher for espesso e ficar uma gota suspensa na extermidade, tem-se o ponto de pérola. (O pesa-xaropes deve marcar 34 graus Beaumé e o termómetro 1080 Centígrados).

Ponto de estrada: Quando, ao passar uma colher de madeira no fundo do recipiente, onde se encontra a calda, se formar como que uma estrada que deixa ver o fundo, tem-se o ponto de estrada. (O pesa-xaropes deve marcar 370 Beaumé e o termómetro 1100 Centígrados.

Ponto de espadana: Quando, ao retirar a colher, a calda cai em lâminas, com o aspecto de fitas de nastro, tem-se o ponto de espadana. (O pesa-xaropes deve marcar 40 graus Beaumé e o termómetro 1170 Centígrados.

Ponto de rebuçado: Quando um pouco de calda, deitada numa tigela com água fria, se juntar num montinho duro e quebradiço, tem-se o ponto de rebuçado. (O pesa-xaropes já não actua e o termómetro deve marcar 1260 Centígrados)."

E quanto ás proporções, fica aqui tambem informação muito util.

"Proporções

Se se pretende uma calda fraca (de ponto baixo) que, normalmente, se utiliza para acompanhar rabanadas, filhós, papos de anjo, fatias da China, etc., a proporção é de:

- 1 kg de açúcar
- 1 litro de água

Se se pretende uma calda de ponto mais alto (para confeccionar doces), a proporção deve ser:

- 1 kg de açúcar
- ½ litro de água

Para pontos muito altos, pode-se reduzir gradualmente a porção inicial de água."


E este foi o resultado obtido. A dita senhora não gostou muito, portanto só comeu uns 5 assim de repente. E a cada um que comia, só dizia que "bueno, que eso es muy rico".

Eu tambem achei "muy rico". E lá se vai a dieta...



Ingredientes(15 unidades):

250gr de açúcar
75g de farinha de trigo
200g de amêndoas raladas
8 gemas
1 dl de água

Modo de Confecção:

Antes de mais, separe as 8 gemas e adicione as amêndoas raladas á farinha

Leve o açúcar ao lume com a água. Deixe ferver até ficar em ponto de espadana. Mas vá mexendo sempre, para não queimar.

Deite o açucar em fio sobre a farinha e vá mexendo para envolver bem.

Deixe arrefecer um pouco e adicione as gemas. Envolva bem.

A massa obtida é um pouco liquida, portanto leva-se esta ao lume para engrossar. Vai-se fazendo movimentos circulares com uma colher de pau á volta do tacho para a massa não pegar.

Quando a massa ficar tipo uma bola que se desprende do tacho, está pronta.

Molde bolinhas de massa como as das fotos e depois passe por açucar. E depois coma um ou dois, prontos, coma todos e mande a dieta á fava.

Bom Apetite.
A Tia Maria

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